A Bíblia é perigosa para crianças?
Há alguns dias o site do jornal El pais, um periódico muito famoso de renome internacional, na sua versão brasileira, fez uma reportagem sobre a utilização da Bíblia como base de criação de metodologia de ensino proposto pelo governo Bolsonaro. O respeito a opiniões contrárias faz parte da vivência em uma sociedade de democrática, mas alguns pontos de vista do colunista foram de certa forma equivocados e até mesmo agressivos.
O objetivo desse artigo não é rechaçar de nenhuma forma o colega colunista, mas apenas trazer a luz questões levantadas pelo escritor e contra-argumentar de forma respeitosa sua visão de mundo em relação a Bíblia no ensino regular.
A separação entre o que é fé e ciência tem provocado grandes problemas na sociedade, sendo a primeira a convicção de fatos que ainda não se podem contemplar e a última, de acordo com Aristóteles, é "o conhecimento das causas pelas causas. É o conhecimento demonstrativo". A fé tem seu foco no criador e a ciência na criação, sendo dois campos não opostos, mas complementares. A separação no ensino desses pensamentos têm criado distorções, pois ética e compaixão são freios que seguram a ciência. Na inexistência desses filtros, a sociedade fica a mercê de ideias, pensamentos e experimentos que visam o mal.
A matéria veiculada no dia 23 de março de 2019, "Querer colocar a Bíblia no centro da educação escolar significa devolver o Brasil às cavernas", por Juan Arias, o título já se atém a ideia de que o cristianismo e a educação formal ou regular não podem caminhar unidas, pois significaria um retrocesso ao sistema educacional brasileiro. Essa afirmação já demonstra uma inverdade, pois todo o sistema de ensino aplicado hoje no mundo foi criado pelos gregos, adotado pelos judeus nas sinagogas ensinando a Torá, aritimética e escrita desde o século I, sendo aperfeiçoado pelos cristãos mais tarde.
A falha na educação brasileira está em pensar no aluno apenas como um depósito de informação e não dar atenção ao ser humano que se está formando. Sem isso, nem os melhores métodos de ensino conseguirão transformar esse indivíduo, quiçá a sociedade.
Existe uma filosofia de ensino grega chamado Paideia, que objetiva formar, na integralidade acadêmica e moral, o melhor cidadão possível. Em nossas escolas hoje o foco é a educação para o trabalho fundamentado em ideias positivistas, que tem se tornado inadequado para sociedade na qual vivemos. Depois de quase duas décadas de políticas comunistas no ensino brasileiro, em que a doutrinação marxista, a perda da identidade individual e dissolução da família judaico-cristã, resultaram em uma geração de jovens despreparados para a vida, engolidos pela falta de estrutura emocional e moral.
O cristianismo adotou a Paideia e adaptou seus conceitos, o helenismo da época influenciou muitos pensadores e filósofos cristãos. Esse novo conceito propôs formar elos entre fé cristã, educação e conhecimento no século II, com uma grande preocupação em construir um indivíduo pleno, nas esferas acadêmica, moral e espiritual. A ideia de agregar ensino regular e Bíblia, como visto, não é algo novo, mas uma experiência bem sucedida.
A Paideia Cristã educou pessoas no decorrer dos séculos seguintes com escolas nos monastérios, principalmente nas camadas mais populares da sociedade europeia. A vocação pedagógica do cristianismo era usada para instruir o povo academicamente e moralmente na Idade Média da época.
A colaboração do cristianismo para o ensino regular é incalculável, as maiores mentes do mundo receberam formação em universidades fundadas por cristãos, como exemplos as americanas Harvard, Yale e Princeton, no Brazil podemos citar Mackenzie e Unasp.
Nos Estados Unidos, e agora no Brazil, existe uma corrente muito forte de escolas com uma abordagem bíblica de ensino chamada de Cosmovisão Cristã. Essas instituições de ensino integram os conhecimentos contidos na Palavra de Deus com o ensino regular obtendo muito sucesso na formação integral do aluno nessa sistemática.
Pressupor que crianças e adolescentes não possam ter contato com a Bíblia por ela ser perigosa, lida somente quando forem maiores de idade, é reter mais de cinco mil anos de sabedoria e história. Será que temos esse direito? Vivemos as consequências de uma sociedade em que os valores cristãos não estão no centro, devemos continuar a ir nessa direção ou tentar algo que já se provou eficiente?
Por Ricardo Lopes
Fontes:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/23/opinion/1553300746_572896.html
https://positivismonaeducacao.blogspot.com/p/o-positivismo-na-educacao-brasileira.html
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-relacao-entre-cristianismo-educacao.htm#capitulo_4.1
https://acsi.com.br/component/k2/item/62-cosmovisao
https://www.conjur.com.br/2014-mai-21/estado-laico-nao-ateu-ou-agnostico-ives-gandra-martins
https://www.todamateria.com.br/o-que-e-ciencia/
https://spotniks.com/5-exemplos-de-como-a-doutrinacao-ideologica-atua-na-educacao-brasileira/
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