Brazil, um país em guerra

10/12/2018

Quando pensamos em guerra, o que vem a nossa mente são aviões bombardeando cidades, tanques monstruosos, soldados armados até os dentes dispostos a matar e morrer, corpos espalhados pelas ruas. Enfim, tudo isso parece muito longe da realidade brasileira. Mas, informações colhidas durante uma década, nos faz crer que o Brazil está sim em guerra.

A pesquisa citada se chama Atlas da Violência 2018, divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Avançada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nesse documento, descobrimos um numero espantoso de mais de 500 mil brasileiros morrendo de forma violenta no intervalo de dez anos. Entre 2006 e 2016, o número exato é 553 mil pessoas, com um recorde de 62.517 homicídios no ano de 2016.

Segundo Daniel Cerqueira, técnico de planejamento e pesquisa do IPEA, é como se explodissem duas bombas químicas no Brazil por dia. Somados, o número de homicídios é maior do que todas as vítimas de todos os atentados terroristas que aconteceram no mundo. Por exemplo, em um comparativo, a guerra da Síria já matou 511 mil pessoas em sete anos de conflito, de acordo com dados do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Poderia se dizer que é um parâmetro exagerado, pois o Brazil tem proporções territoriais continentais e uma população maior, mas talvez esta diferença é o que traz a falsa sensação de segurança, pois como diz o ditado popular "o que os olhos não veem o coração não sente".

Contudo, o fato de não sofrermos com explosões, ou não ter que lidar com soldados entrincheirados pelas ruas, não nos faz viver mais seguros que os afetados por uma guerra civil. Exatamente essa camuflagem nos engana e sentimos realmente a violência no Brazil quando ela bate a nossa porta.

Enquanto o conflito sírio tem ganhado contornos internacionais, com interferências da Rússia e dos EUA, no Brazil traficantes locais fazem da população reféns de um ciclo de violência em que crimes abastecem uma rede de financiamento ao tráfico de drogas. O Brazil tem uma taxa de 30,3 homicídios a cada 100 mil habitantes, superando em 30 vezes a taxa da Europa. Existem estados em que o número de homicídios cresceu assustadoramente como no Rio Grande do Norte com um incremento de 256,9%.

Há um crescimento alarmante da violência em estados do Norte e Nordeste do país, também avançando no Centro oeste com aumentos de 50% no número de homicídios. O crime organizado, por meio de facções criminosas, comanda o tráfico de dentro dos presídios orquestrando assassinatos de inimigos e devedores, além de arquitetarem ataques a ônibus e postos policiais sempre que o Estado interfere em seus interesses.

Dentre esses números, pode distinguir rostos e histórias parecidas, jovens de origem pobre e negra, entre 15 e 19 anos, com baixa escolaridade, são os principais alvos dessa guerra que se tornou a principal causa de morte nessa faixa etária. Os dados não mentem, dos homicídios 94,6% são homens e 71,5% eram pretos ou pardos. Esse fenômeno ganhou o nome de juventude perdida pelos pesquisadores.

Não são somente os homens as vitimas dessa violência, em 20 estados, entre 2006 e 2016, o homicídio de mulheres negras subiu mais que 50%. Ainda assim, de acordo com o IBGE, as mortes violentas atingem 11 vezes mais homens que mulheres.

Muito se debate sobre como resolver essa questão, mas os dados nos mostram resultados cada vez mais preocupantes. Enquanto essa realidade não muda, a população sofre as mazelas de governantes corruptos que podem blindar seus carros e transformar suas casas em fortalezas. Que a Igreja que está no Brazil ore para que as autoridades tenham sabedoria para cessar a guerra e o banho de sangue na nossa nação.

Por Arrependimento Nacional


Fontes: www.forumseguranca.org.br, www.ipea.gov.br/atlasviolencia/ e www.syriahr.com