Crianças Desaparecidas:  Não se esqueçam de nós

28/11/2018

Editorial


João, 13 anos, foi jogar futebol no ginásio da cidade e nunca voltou. Mariana, 9 anos, foi para a aula de reforço escolar e ninguém mais a viu. Renato, 3 anos, brincava em frente a sua casa quando foi levado por um carro e jamais retornou. Esses nomes são fictícios, porém os relatos são reais. Estima-se que 40.000 crianças e adolescentes desaparecem todos os anos, segundo a ONG Mães da Sé, sendo que o Ministério da Justiça reconhece apenas 10.000 desaparecimentos. Os números ainda podem ser maiores, pois não existe um cadastro integrado entre as secretarias estaduais de segurança pública, além da precariedade dos sistemas de informatização nas Policias Civis, Militares e Federais, dificultando assim a computação de dados confiáveis.

Os números no Brazil, sem dúvida alguma, são piores que as estimativas, comparado a dados divulgados pelo Centro Internacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas (ICMEC). Os países desenvolvidos que computam os dados de forma correta, apresentam números alarmantes, como Coréia do Sul, com 20.000, Reino Unido, com 60.000 e Austrália com 25.000. Percebemos a gravidade de um problema que o governo prefere ignorar. Mas afinal, onde estão essas crianças?

O destino é incerto. Muitas delas são raptadas para serem adotadas ilegalmente em outros países. Para redes de pedofilia e prostituição infantil. Muitas são violentadas e mortas sendo que, seus corpos nunca são encontrados. Outras são vítimas de tráfico de órgãos e muitas outras são sacrificadas em cerimonias satânicas.

A dor da morte de um filho é superada apenas pela dúvida que assombra esses pais, sem um corpo, sem uma resposta, o luto se prolonga indeterminadamente. O descaso com que as famílias são tratadas, causa revolta em toda a sociedade que clama por justiça, pais precisam se tornar detetives e se arriscar procurando seus filhos em todos os lugares, fazendo o trabalho de polícia.

Nos EUA, existe um sistema de comunicação chamado "Alerta Amber", que consiste na disseminação de informação sempre que uma criança desaparece com risco de vida. O sistema faz com que canais de TV, placas eletrônicas de rodovias, estações de radio, SMS para pessoas nas áreas próximas ao desaparecimento da criança, divulguem dados como características físicas, foto atual, roupas e, quando possível, descrição do raptor e de seu carro. Com a ajuda desse sistema, 800 crianças foram resgatadas em 2015. De acordo com a polícia americana, as primeiras 48 horas são fundamentais para encontrar a criança, sendo que após esse período, as chances de não ser encontrada aumentam para 70%, incorrendo grande risco de morte para o menor.

O Alerta Amber existe desde 1996 quando Amber Hagermam, de 9 anos, foi sequestrada, estuprada e morta. Em sua homenagem o alerta ganhou seu nome. Esse sistema foi exportado para diversos países da Europa e também Austrália, México e Canadá. Especialistas dizem que poderia ser tranquilamente adotado pelo Brazil, mas a falta de empatia política faz com que pais continuem lidando com a burocracia e a falta de eficiência política.

No ECA (Estatuto da criança e do adolescente) existe um dispositivo legal que faz com que, imediatamente após a notificação do desaparecimento, as autoridades, portos, aeroportos, Polícia Rodoviária, companhias de transportes interestaduais e internacionais, recebam informações necessárias para a identificação do desaparecido, mas dificuldades de comunicação entre esses órgãos fazem com que essa lei permaneça no papel. Outra lei brasileira estabelece a inexistência de período mínimo de desaparecimento para que se iniciem as investigações, caso haja negativa da parte policial em iniciar as diligências em busca da criança, deve-se acionar o Ministério Público e fazer uma denúncia.

Enquanto os desaparecimentos de crianças no Brazil são tratados como casos de segunda categoria pelas autoridades competentes, caindo em esquecimento, a história da menina Madelene MacCan continua a ser investigada mesmo 11 anos depois de seu desaparecimento em Portugal. Um outro caso icônico foi o de Etan Patz que desapareceu aos seis anos quando estava a caminho da escola em 1979 e foi solucionado com a prisão de seu assassino em fevereiro de 2017, na cidade de Nova York.

Etan Patz desapareceu em 25 maio. Esse se tornou o dia internacional da criança desaparecida e o símbolo dessa data é a flor de miosótis, também conhecida como: "Não se esqueça de mim". O sangue derramado dessas crianças clama por justiça, as lágrimas desses pais devem ser enxugadas, nós como Igreja devemos orar para que essas crianças voltem para os braços de suas mães o mais rápido possível. Devemos clamar para que culpados de assassinar crianças apareçam e paguem pelo seu pecado. Orar para que o Brazil seja um país seguro para as crianças, pois delas é o Reino dos céus, como diz nosso Senhor Jesus.


Por Arrependimento Nacional 

Fontes: www.maesdase.org.br , www.gazetaonline.com , www.observatorio3setor.org.br , www.icmec.org  e www.bbc.com .