Venezuela : Quando o espinheiro governa

28/02/2019

A América Latina foi muitas vezes alvo de governos populistas que se aproveitam da carência do povo para alcançar o poder. Quando políticos tradicionais deixam as desigualdades sociais aflorarem no país, os populistas saem como que brotados da terra com um discurso de igualdade e justiça. Para citar alguns exemplos, temos o Lulismo no Brazil, o Kirchnerismo na Argentina e o Chavismo na Venezuela.

O padrão se repete em várias partes do continente americano, da mesma maneira que a solução para os problemas parece milagrosa, os traumas de um governo displicente e centralizador faz a população sofrer mais. Fundamentados na doutrina Marxista, esses governos ultrapassam o limite da justiça expropriando propriedade privada, fazem o estado crescer até se tornar um poder opressor na sociedade.

O exemplo mais recente dessa situação é a Venezuela, que atualmente passa por uma grande crise. A fuga desesperada de muitos venezuelanos da fome é uma cena vista geralmente em episódios de guerra. Hoje o país vive um caos em todas as esferas da sociedade.

Mas, como uma economia sustentada por grandes jazidas de petróleo chegou a esse ponto de calamidade? Para essa resposta, devemos voltar no tempo antes mesmo da chegada de Hugo Chávez ao poder em 1999, nessa época o país já enfrentava uma crise econômica considerável com inflação ultrapassando a marca de 100% em 1996, a maior parte da população estava abaixo da linha de pobreza e o crescimento econômico era pífio.

A Venezuela, mesmo enfrentando tantas dificuldades, ainda era o país mais rico da América Latina, graças ao petróleo. As más administrações passadas nem se comparavam com a instrumentalização promovida pelo governo chavista entre os anos de 1999 e 2013, a já fraca indústria venezuelana foi nacionalizada e as empresas que sobraram faliram diante de uma competição injusta, na qual o governo subsidiava a importação para suas empresas.

Enquanto os chamados "petrodólares", que são os lucros oriundos da exportação dos barris de petróleo, equilibravam as contas, o governo gozava certa estabilidade, o problema foi colocar todos os ovos em uma única cesta, pois eles chegaram a ser 96% das receitas do governo. Durante a era Chávez, a dívida externa subiu cinco vezes impulsionados por empréstimos feitos por China e Rússia, no montante de 150 bilhões de dólares. De acordo com Orlando Ochoa, economista da Universidade Oxford, o rombo das contas do governo venezuelano se igualou ao da Grécia em seus piores momentos.

A herança que Hugo Chávez deixou para seu sucessor Nicolás Maduro foi uma situação caótica: Uma crise de abastecimento de alimentos e produtos básico causada pela diminuição dos petrodólares, uma inflação com níveis absurdos, visto que a emissão de moeda era algo corriqueiro no governo chavista. A repressão e perseguição de opositores chamou a atenção internacional levando a embargos econômicos dos EUA que os acusaram de crimes contra a humanidade e de destruir a democracia local.

O pior ainda estava por vir, com a queda dos preços do petróleo, a Venezuela perde grande parte de suas entradas econômicas, aliando a isso a corrupção nas estatais com importações fantasmas e superfaturamento, a crise se agravou. A mão pesada do presidente na economia fez com que apenas 20% do consumo no país fosse produzido internamente, sendo o restante importado pelo Estado e dependente do desempenho do mercado petrolífero externo.

Diferentemente da época de Hugo Chávez, Maduro enfrenta problemas, inclusive com seus aliados históricos, China e Rússia, que estão evitando novos financiamentos devido a grande pressão interna e externa. A possibilidade de o ditador deixar o comando do país é grande e o novo governante pode instaurar uma moratória, ou seja, um "calote" da dívida. O cerco está se fechando em torno do ditador e seu opositor, Juan Guaidó, ganha cada vez mais notoriedade e força política na comunidade internacional.

Infelizmente podemos acompanhar a derrocada não apenas de um ditador, mas de uma nação que agora está em ruínas. Mesmo possuindo uma imensa riqueza debaixo de seus pés, a miséria se espalha pelas ruas do nosso país vizinho. Que sirva de alerta para a Igreja brasileira, pois não devemos confiar a direção de nosso país, estado, ou cidade nas mãos de pessoas que não compartilham com nossos valores, devemos entregar o governo humano a figueira e a oliveira e não ao espinheiro. Ore para que nossos líderes temam o Senhor e governem para todos e não para alguns.


Por Arrependimento Nacional

Fontes:

https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2018/05/14/entenda-como-a-economia-da-venezuela-se-arruinou.htm

https://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4251173/como-hugo-chavez-destruiu-economia-mais-rica-america-latina

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41060655